Passo 1. Explique o conceito
Na maioria das situações de mudança social, há uma luta entre aqueles que querem a mudança e aqueles que não querem. Por um lado, há pessoas que são apoiadoras ativas da mudança – não só pessoas que acreditam na mudança, mas pessoas que estão realizando ações para transformá-la em uma realidade. Pelo outro, há pessoas que são oponentes ativas, pessoas que ativamente realizam ações para impedir a mudança.
No trabalho ativista, frequentemente focamos nesses dois grupos – mas a maioria das pessoas está em algum lugar entre eles. Sociedades (cidades, províncias, etc.) incluem uma gama de grupos que podem ser postos em um espectro, indo do ponto mais próximo ao ponto de vista do seu grupo até o mais distante. Este espectro de aliados exemplifica este fato.
O objetivo do espectro de aliados é identificar diferentes pessoas – ou grupos específicos de pessoas – em cada categoria, e então planejar as ações e táticas para movê-las uma posição para a esquerda.
Passo 2. Benefícios desta ferramenta
Boas notícias: na maioria das campanhas de mudança social, não é preciso vencer o oponente fazendo-o aceitar seu ponto de vista. Só é necessário mover algumas fatias chave desse espectro na sua direção.
Isso é importante. Se mudarmos cada fatia dessas para uma posição à esquerda, estamos propensos a vencer, mesmo que os reacionários da outra ponta jamais se movam. Isso quer dizer que nosso objetivo não é o de convencer a indústria dos combustíveis fósseis a acabar consigo mesma. É, em vez disso, levar o resto da sociedade a acabar com essa indústria.
Muitas vezes, ativistas têm a ideia errônea de que precisam levar todo mundo para o seu lado (o que induz ao desespero), de que tem que transformar a indústria fóssil ou de que necessitam mudar as pessoas que lutam ativamente contra eles (induzindo ao desespero novamente). Quando os organizadores trazem, em vez de desespero, uma atitude otimista para a tarefa da mobilização, é bem mais fácil as pessoas entrarem no mesmo barco.
O Espectro de Aliados também nos lembra de que precisamos desempenhar diversos papéis. Ações diferentes atingirão pessoas em lugares diferentes do espectro, então há muitas formas de apoiar uma campanha, desde fazer lobby com um político até marchar pelas ruas.
Essa ferramenta também avalia nosso trabalho. Nós conseguimos mostrar que estamos, de uma forma que pode ser mensurada, movendo um segmento de pessoas para o nosso lado? Se não, precisamos repensar nossa estratégia.
Passo 3. Preencher o gráfico
Essa ferramenta é útil mesmo para grupos pequenos. Dedique algum tempo para preencher o quadro com grupos e pessoas específicas. Repare que você precisa ser específico para fazer essa ferramenta funcionar. “O público”, por exemplo, é amplo demais para ser atingido, e sua estratégia sofrerá como resultado disso. Em vez disso, identifique grupos específicos, que tenham número telefônico ou endereço, de cujas reuniões você poderia participar ou cujos líderes você poderia encontrar. Pense em indivíduos específicos, que sejam tanto política quanto socialmente influentes, como pessoas mais velhas e líderes comunitários. (Atividade de mapeamento do poder)
Passo 4. Revisar os aprendizados e lições
Compartilhe reflexões e lições com o grupo todo. O grupo pode constatar que ainda precisa pesquisar mais. Ou pode haver debates importantes e interessantes sobre onde as pessoas estão no espectro.
Outras lições incluem:
- É uma vitória enorme se você conseguir fazer um grupo que era levemente hostil ir para a neutralidade.
- É uma vitória enorme se você conseguir fazer o grupo/fatia que estava mais perto da sua posição no espectro passar a ser ativista.
- Geralmente não é necessário mover os oponentes da outra ponta um passo na sua direção para vencer, embora isso possa fazer com que a vitória aconteça mais rápido.
- Essa ferramenta pode identificar áreas de pesquisa ao mostrar em que pontos você precisa saber mais.
- Ela pode mostrar a importância de mapear uma gama de pessoas: aquelas que sofrem diretamente o impacto da questão, pessoas que se veem como aliadas do seu grupo e pessoas que são “detentoras de poder” (funcionários de governos, etc.). Todas essas pessoas podem ser espalhadas pelo espectro, então é importante notar sua distribuição e como algumas delas podem ajudar vocês a focarem seus esforços e dar apoio para diferentes aspectos da sua organização.
Descubra quais fatias seu grupo conhece muito ou pouco. Isso mostra com quais grupos vocês deveriam tentar se encontrar para saber mais sobre aquela fatia do espectro de aliados. Crie um plano para chegar até eles.
Por exemplo, ativistas jordanianos que lutavam por uma expansão no transporte público constataram que eles queriam envolver pessoas que andavam de ônibus, mas que não as conheciam bem. Então, eles se reuniram em paradas e andaram de ônibus para conversar pessoalmente com centenas de pessoas, ouvindo suas opiniões e insights.
Adaptado de Training for Change, www.trainingforchange.org